sábado

Encharcar-se





 Gosto do meu corpo no seu, dos seus lábios macios, da sua língua safada invadindo a minha boca com o cuidado de quem pede licença, o mesmo cuidado como você invadiu a minha vida com sua mania de substantivar verbos e suas canções melosas cantadas pela voz mais doce e o olhar mais cheio de expressão que já vi. Gosto da sua perna cruzando com a minha, criando o encaixe perfeito de dois corpos que de iguais só têm o desejo que os une como um só. Gosto de como você me olha com vontade logo antes de me fazer de manga na sua boca. Gosto de como seus dedos me fazem questionar como passei tantos anos duvidando que milagres existem. Gosto de percorrer minha mão no seu corpo e sentir sua pele se arrepiar, ora de cócegas e ora de vontade de mim. Gosto de te tocar e finalmente escutar minha canção favorita entre todas as que saem da tua boca, aquela que você canta enquanto nos encharcamos uma na outra.

quarta-feira

O ego como limite da soridade

    Sou feminista, pioneira, defendo que mulheres façam o que querem, que busquem sua independência financeira e emocional e que se vistam como desejam. Admiro a coragem das que se atrevem, das que saem, que correm riscos, que se portam como preferem e só se depilam se bem entenderem. Mas veja bem, você não é mulher pro meu filho. Aventureira demais, sonhadora demais, egoísta demais. Até vejo qualidades em você, mas veja bem, você já passou dos 30. Quando vai se estabelecer, quando um filho vai caber na sua vida? Um dia você entenderá, um dia você será mãe e vai entender. Se for mãe de um filho único, então, entenderá perfeitamente que mulheres como você nunca serão as noras que sonhamos. 

domingo

Liberdade


Ah, liberdade! Que preço é esse que você está me cobrando pra te ter! De onde foi que tirei que preciso tão obstinadamente de você? Por que você é tão cativante e atraente a ponto de me convencer a largar tudo, abrir mão de amores, do conforto da presença e do contato dos que me amam. E por que você segue me exigindo renúncias? Não dá pra ser um preço que se paga uma vez só? Vai ser sempre esse ininterrupto processo de desapegar? Disse o poeta que você é o espaço que a felicidade precisa, mas até agora só se mostrou um espaço cheio de angústia e saudade. Será a solidão o preço que se paga pra ter você? E, ao fim e ao cabo, o que raios eu faço com você? O que raios Sabino sabia e eu não sei sobre você?

Como vai você?